quinta-feira, 8 de novembro de 2007

até cresci por um tempo, mas 'retrocedi'...

Quando criança não gostava de livros feitos para elas
preferia os romances, os metafísicos
me preparava para ser adulta
agora corro atrás do que não li
que delícia brincar de ser criança
dentro dos livros delas...

sábado, 3 de novembro de 2007

O segredo do armário.

O pai tinha um segredo que achava muito feio, era grande, cabeludo de olhos grandes e unhas compridas. Tinha muito medo que alguém o visse então comprou um armário bem grande o pôs no sótão, e trancafiou o segredo lá dentro sob chaves e cadeados para que ele jamais escapasse.
Mas os segredos adoram passear em meio a multidão, andando ao lado de um e de outro, os fazendo rir, com quantos mais puder. E o segredo do pai se sentia apertado, com medo de escuro e da solidão. Por sorte, ou não, o armário ficava bem a cima da cama do filho e quanto este começou a ouvir o sono do menino, arranhava as paredes e batia no chão e o filho acordava guiado pelos ruídos. Louco de curiosidade levantava-se e andava pela casa a procura do som. E o pai acordava, o barrulho silencia e o filho voltava a dormir.
Dentro de uma semana o filho descobrira de onde vinha o ruído e quando o pai o viu com a mão na massaneta da porta, do sótão, gritou! Disse ao menino que ele não deviria entrar, que era perigoso, que um mostro fora morar lá.
Assim, na noite seguinte, quando o garoto ouviu o ruído seguido de uma voz rouca pronunciar seu nome, pois o segredo já sabia que o filho quase o achara, gritou, desesperado. Foi a mãe que o acudiu e repetiu até cansar, que não havia monstro nenhum na casa, e que monstro tem mais o que fazer que maltratar as pessoas. Duvidar eles tem medo de gente já que os ouvimos, mas nunca os vemos. O filho por fim se convenceu e quando novamente ouviu o ruído tímido,vindo do sótão, a curiosidade redespertou tão forte que arrastou o filho e o medo até a porta, a abriu, e os empurrou lá dentro dando voltas em roda do armário e apontando: está aí! está aí!
O filho abriu o armário com as mãos tremulas e o segredo do pai saltou, feliz, agradecendo a curiosidade e pedindo ao medo que por favor não o prendessem lá dentro outra vez. O filho adorou o segredo, o achou “tão maneiro” que o levou para dormir com ele no quarto, e no outro dia saiu à rua de mãos dadas com ele. Passaram tanto tempo juntos que quando a mãe o viu pensou ser o segredo do filho e apesar de não gostar dos cabelos desgrenhados e das unhas compridas deixou que eles brincassem com a vizinhança. E o segredo do pai correu a rua, o dia todo e não ouve um que não se simpatizasse com ele.
Quando o pai voltou do trabalho e viu seu segredo correndo com seu filho e as crianças do vizinho, ficou branco, vermelho, amarelo e quase desmaiou. A mãe disse que não era para tanto caso, que os segredos das crianças de hoje são assim mesmos. Eles é que tinhas segredos anões, bem vestidos e fracotes, hoje é tudo diferente. E que o segredo grande e cabeludo do filho era muito mais normal que aqueles pequenos que eles um dia tiveram. O filho puxou o pai pelo braço e pediu se o segredo poderia ser dele e o pai, guiado pelo medo e pela vergonha, que se escolhiam em seus bolsos para não serem vistos, entre andar com a vergonha de ter um segredo cabeludo e feio ou de um filho com um segredo cabeludo e feio acabou dizendo que sim.
Mas quiseram cortar seus cabelos e lhe aparar as unhas, e o segredo fugiu, para dentro do armário. Só saindo à noite, para brincar com o filho.


por Adri.n

domingo, 28 de outubro de 2007

Meu mundo miúdo...

Meu mundo e tão miúdo
Que sinto-me apertada dentro dele,

Às vezes abro uma brecha e espio os outros planetinhas.
Como pode! Existem muitos menores que o meu, tão sombrios,
E seus habitantes nem sonham em torna-los um pouco maiores
Ou pelo menos mais alegres...
Mas há os grandes mundos que se reúnem em nebulosas inteiras.
Como quero ampliar o meu mundo!

Às vezes construo uma ponte ou tento expandir as moléculas,
E como e encantador e quente quando algumas pontes se interligam,
E flores nascem, arvores multiplicam-se.
Mas é tudo tão frágil, é preciso estar constantemente atento,
Para tudo não cair no abismo, quando o meu mundo se enrosca em outro,
Nas constantes rotações.

E às vezes desejo deixa-lo como está, isso tudo dá tanto trabalho e derepente tudo rui.
Fico quieta e prometo não mais me aventurar ou sonhar,
Mas eis que junto os pedaços e não consigo pô-los fora.
E o desejo se renova, não consigo evitar.
Sei que meu mundo pode explodir, pode cair...e acabar-se
Mas a mudança é a ordem natural das coisas e para min é impossível
Parar de perseguir minha expansão.
Se conseguirei? Pouco importa,
Importa que a caminhada nunca perca seu encanto,
Para mim continuar juntando as cacos das minhas quedas.

por Adri.n

Escrever... Sina de quem precisa da literatura para viver.


Escrevo porque preciso.

Com o tempo ler só não basta, é preciso libertar todos os personagens que nascem desta união – livro e leitor.

Ainda engatinho com as letras, não sou escritora, mas tenho aprendido a amar meus poucos escritos e eles têm me pedido para se relacionar com o mundo. Não posso impedir, apesar de sua pouca maturidade.
Em tempos passados eu as leria nas rodas de amigos, mas o tempo anda tão escasso para estes encontros que acabo por pô-los aqui com um único objetivo: liberta-los. Tenho muitos trancados em meu peito à espera da grande estória, quando finalmente aprendesse a escrever, mas eles não suportam mais este claustro e nem eu consigo mais deixa-los solitários. Então, tudo que peço aos marujos que desembarcarem por aqui é que conversem com um deles é que dialoguem e falem-me de suas impressões...
E boa viagem!