segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Assonâncias

Para cci

Falo de amor com meus olhos

Falo de amor com meus dedos

Digo que te amo mostrando minha língua

Uso palavras de outras


Falo do meu amor

Com os ouvidos

Com as unhas

Com a ponta de meus pés


Porque meu amor é um outro

E não pode ser falado na mesma língua


Porque ele é de outra espécie

Porque não vou domesticá-lo


Quero-o natural

E sem açúcar

Pra sentir o seu verdadeiro sabor


Por Adrins
cabelos ao vento

sábado, 20 de novembro de 2010

O que estamos?!

para o homem das histórias

Quarta

Quinta

Sexta

Em e sem feiras

Cem feiras

Sem fim?!

História

Em plurais

Que foram

Que serão

Singular

que está sendo

fagulha

faísca

fogo

incêndio

em histórias

(estórias ?!)

com

sem

cem

feiras

quarta...

sexta...

singular pluralizado

plural em singularidade

por conta

do sinônimo-coração

da palavra

história


por Adins

historiando

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Margaridas

Janelas imersas
sol
unhas colorindo-se de pimenta
na espera
pela dança das sombras
em riscos sobre a terra.

por Adrins
exercitando no Panorama Jaraguá
com sopros de M Silva e Silva

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Para dorsal

Por causa das oito rodas

- tu vais descer sozinha?
- é claro que não! você acha que eu sou uma pessoa corajosa? não sou!
e ela ofereceu sua mão e eu fui falando da minha falta de coragem
e fui esquecendo que não a tinha
e fui esquecendo que precisava de sua mão.
E eu vi minhas mãos no ar e meu corpo ao chão.
- Caí!
Pronto! acabou-se o medo! difícil e simples as vezes parecem-se com sinônimos! A vida pede por paradoxos; para perder o medo do acontecer basta deixar que aconteça. Entre o tempo e o espaço pode-se estar no espaço-tempo toda a vez que se abrir um terceiro olho.

por Adrins
saboreando paradoxos na espinha dorsal

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Futuro do preterito em subjuntivos

Para Edu

Queria te escrever um poema
por nada
por tudo
sobre os nadas
sobre tudo
sobre fazer nada
e ir aprendendo muito
Queria te escrever umas palavras
sobre o que não sei dizer
queria te fazer entender
o que eu não entendo
pra você ir me explicando
sem pressa
por meses
em um minuto
pra você não dizer nada

Queria te escrever umas linhas

pra pensar em mim

para lembrar de você

para o nós
que nunca foi
que sempre é
Queria escrever alguns versos
sobre esse dia
sobre todos os outros
sobre dias ou noites alguns
Queria ...
Se eu escrevesse
se eu quizesse
como seria?

por Adrins
em silencios falantes

É SÓ ATÉ PORQUE, POR QUE?

É claro que não!
brinquei de sim
Até o ultimo instante
Porque sim!
Por que não?

por Adrins
de trevessuras?!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

de vo(r)ando medos

a carne sente o peso dos medos
amarras que dilaceram a carne até sangrar.
o espírito, insistente, desenha asas aos pés
e caminha na corda bamba
de braços presos
sobre o penhasco
não teme a queda
os traços vão ganhando vida
e a qualquer instante as asas irão bater.

por Adrins
por voar

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Uma folha de branco

Tantas ideias
Tantos sentires
Em turbilhão

A folha espera
O desenlace
O desabafo
Confições nascidas do fundo da alma
Dores reprimidas
Sentimentos escondidos

A folha espera
lívida ...

por Adrins
no silêncio

domingo, 15 de agosto de 2010

Reticências

- ...

-Tu já percebeu como as palavras perdem seus significados? Tava vendo lá o significado da palavra maracutáia; acredita-se - sim porque cada vez se tem menos certeza nessa vida... pelo menos isso – que mara é uma palavra de índio, que significa confusão. Aí, passados os quinhentos anos de desapropriação o sujeito mostra lá a reserva indígena e fala que pro índio é tudo mara. Se bem que nesse caso pode até ter muito significado pro índio, não com o nosso português, nessas gírias ai que faz muito gramático torcer o nariz, mas no significado tupi. Mas a partir daí ninguém mais se entende, porque pra cada um a palavra tem outro sentido. É como os ministérios do George Orwell, o ministério do amor cuidava para que as pessoas não se apaixonassem, o do pensamento que as pessoas não pensassem. Tava tudo mara? Em qual sentido?
Já penso nas conversas sobre o tempo? é uma não conversa de quem não quer dizer nada mas não suporta o constrangimento do silencio, ficar ao lado de alguém sem nada dizer, no entanto se fala e nada diz.
É, to querendo dizer que há muito tempo você nada diz, mas eu também não digo muita coisa, parecemos estar falando sobre o tempo ou coisas que tem outro significado. Não, não quero dizer nada com isso, só estive pensando, que tudo que dizemos são contrários do que fazemos, talvez o que queremos também sejam.
Não pense que quero culpar alguém, a culpa é de nossos medos, de nossas acomodações, da nossa incapacidade de estarmos dispostos a perder tudo, a desmontar tudo para começar tudo de novo. Cada vez se tem menos certeza das coisas e todas essas incertezas tem confundido o sentido das nossas palavras, das suas para mim e também das coisas que digo para você. Não, eu não minto, mas logo que digo, mudo de idéia. E você fica sem saber o que sou., por mais que eu não queira que seja assim... Você também tem mudado depois de dizer? Minhas palavras estão fazendo confusão? Estão sendo mara? Em qual sentido? Como não sabe? Você ta querendo me confundir? É eu sei, a minha cabeça ta uma confusão, talvez seja por falta de pratica.
Tenho pensado pouco, tenho que exercitar o pensamento. Essa confusão sobre o significado das minhas palavras tem me tirado o sono. Eu quero entender o que digo.
Tenho me sentido dentro dos ministérios do Orwell, na realidade criada por ele não tinha outra realidade, será que na nossa tem? Será que podemos voltar a amar e pensar? Temos que tomar cuidado com a policia do pensamento, com os apreciadores de iguarias cerebrais, não esquece do aviso do Raul... Cuba? Não, não quero beber, quero entender as mensagens das musicas, não das que temos ouvido, que são conversas sobre o tempo, mas das músicas que foram pensadas, precisamos procura-las, elas ainda estão por aí...
O que você esta procurando? Psiquiatra?! Ah não! Você não!!! Você tem de desistir do controle, preciso que você desista do controle... da TV?! Também! de achar que controla porque aperta o botão, todos os canais pertencem ao controle. Pare de falar um pouco e me escuta; tudo bem, não precisa pensar agora, achar por hora basta, a gente resolve isso com o tempo. É que é bom pensar na solidão, mas amar...
- ...

por Adrins
pensante

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Over/doses

Over

doses


Sua mão sobre meu cabelo eriça todos os meus fios

Seu olhar, percebido pelos meus olhos ativa todo o meu ser

Uma dose muito pequena de você

Provoca

Esquecimentos

Encantamentos

Sentimentos

... mentos e mentóis.

O tomo em conta gotas

Em conta

Em gotas

E de gotas em gostas;

A sua mão sobre minha pele

Os seus olhos sobre meu ser

Perco-me nas medidas

Você sem medidas sobre mim

você sob mim...

É perigoso demais para a minha sanidade

É perigoso

saboroso

É!


por Adrins

sem contas

Gosto de um cachorro?!

Eu não gostava mais de cachorros, era o que parecia, era o que percebia em mim, dia após dia, com o passar do tempo... Eu olhava para o Toby pulando na janela, na porta, pedindo atenção, eu queria dar atenção, mas quando estendia a mão ele pulava e eu me irritava. Há muito tempo minha mãe conversava com minha vizinha - “ ela gosta tanto de bichos e quase morre pedindo um cachorro” minha vizinha diminuía meu desejo insano - “ depois ela cresce e perde o interesse” eu duvidava. Até a chegada do Toby.


Eu olhava para o Toby e o achava bonito, queria brincar com ele, ele aprendia truques com facilidade, mas eu não gostava do modo como ele pulava em cima de mim cada vez que eu abria a porta, a agitação dele perturbava meu sossego. Os latidos de madrugada não impediam meu sono, não era isso, eu só não sentia prazer em brincar com ele. E conclui que não gostava mais de cachorros.


Como nos conhecemos pouco, como nos entendemos pouco... Eu gosto de brincar com os cães dos meus amigos, não me irrito com acidentes em meus sapatos e roupas, mas não gostava de brincar com o Toby. Conclui que gosto de cachorros para ver de vez em quando, em alguns dias, mas que no meu canto era melhor ser só.


Fiquei do cuidar do Duque por duas semanas, as duas semanas já se passaram, continuo não tendo paciência para os acessos de euforia do Toby ao me ver, mas continuo gostando de brincar com o Duque. Ele pula, ele late, é um cão, não é muito diferente do Toby. Mas gosto de quando ele pula em mim, gosto de quando ele late, gosto dele no meu colo.


Sinto pelo Toby e pela vontade que tenho de brincar com o Duque dou a mesma atenção aos dois, mas eu gosto mesmo de brincar com o Duque. Já passaram as duas semanas, não quero que o Duque vá embora, vou sentir sua falta, um dia ele vai, posso prolongar algumas semanas nada mais. Quando ele se for continuarei a não ter paciência com o Toby, não é justo com ele ficar com alguém que não da atenção que ele merece, ele é um bom cachorro, é bonito, inteligente, adora brincar de pegar gravetos, sei que muitas pessoas seriam muito felizes com ele.


Talvez você seja... Se você quiser levar ele para casa, se você gostar de brincar com ele, ele merece alguém que goste dele como eu estou gostando do Duque. Estranho, eu pensei que gostava de cachorros eu cheguei a pensar que tinha deixado de gostar. Como a gente leva tempo... foi tempo pra eu entender, eu queria um cachorro, mas não qualquer cachorro. O Toby não é qualquer cachorro, mas pra mim é como se fosse. O Duque é um cachorro, mas pra mim não é só um cachorro. E eu tenho que respeitar esse meu gostar... Quando o Duque se for não ficarei com o Toby para ter um cachorro porque eu descobri que eu gosto de cachorros, mas não de todos os cachorros.


por Adrins

apaixonando-se

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Estar ou não estar...

Por que a preocupação com o será?
Hoje você está
Amanhã não estou
Mas no agora
Quero o estamos
E se pensas no além-presente
ser?
será?
É porque nunca (no agora) está

terça-feira, 6 de julho de 2010

Para Você


Hoje acordei com algo faltando em mim

a falta de sua ausência

não sei como aconteceu

alguém sedento de amar

pode ter roubado esse meu sentir

enquanto eu dormia

puxando-a pela janela aberta

Mas

eu posso ter esquecido em seu bolso

quando brincava de embaralhar

meu jeito de amar com o seu

Sinto falta desta tua falta

por isso confesso agora que a tenho

que a tive

que é minha

para que a procure

para que a devolva

Se tiver encontrado

se tiver gostando dela

posso ensinar a fazer a sua

a sentir a minha ausência

(é sempre melhor sentir a ausência de outro que de si)

mas devolva a minha

a sua ausência

que tanto me faz suspirar

e respirar...


por Adrins


domingo, 4 de julho de 2010

terça-feira, 15 de junho de 2010

Ha espera de um (não) silêncio

Esse silêncio é só pra fora, do lado de dentro há tantas palavras que sussurram e gritam, inútil tentar prende-las. Impossível fazê-las ser ouvidas por alem de meu peito. Elas esbarram em minha garganta e me impedem de respirar, mas ainda assim elas respiram e assim eu sobrevivo, pela respiração delas. Tento lembrar como é respirar por mim mesma, o ar atravessando meus poros, minhas células, o meu viver. As palavras me impedem de sentir, mas a memória é tátil e tudo está lá, dentro de meu peito, ainda que em outro tempo e por outros tempos eu sobrevivo. Em um outro tempo eu voltarei a viver, a respirar e suspirar.

por Adrins
...

terça-feira, 18 de maio de 2010

(h)a-lados

Era um ser de luz, tomado pelo desejo de sentir o vento sobre suas asas na imensidão do céu, estando ele azul ou negro.

Abria as asas e voava até todo o seu fôlego, até toda altura que ousava alcançar, para sentir a proximidade do sol ou atravessar a chuva.

.

Houve um outro ser que passou a seguir e provocar seu voo e ambos voaram, sorrindo e sentindo, algumas vezes.

.

Um dia, durante um voo, o segundo ser sorriu e revelou garras brilhantes e sem nada dizer ou responder, em pleno voo, mudou de direção. Mas para fazê-lo apoiou suas garras nas asas do ser de luz, para tomar impulso e desaparecer de vista mais rapidamente, sem mesmo olhar para sua queda.

.

Do chão, o ser ferido viu o céu vazio e tentou voltar para ele, mas sua asa pesava e doía, fez seu caminho sobre o chão e enquanto andava sentiu terra sob seus dedos, ouviu ramos farfalharem e viu o colorido de minúsculas flores.

.

Percebeu que deitar-se próximos as flores diminuía o peso de sua asa, subir uma montanha diminuía a dor do ferimento e ao chegar no topo, se as abrisse, sentia o vento eriçar suas penas.


Seu prazer agora estava no chão, na terra. E se via outros das alturas, seus pés continuavam no chão. Continuou a ser de luz e sorrisos, mas ver asas quase tocando o céu agora lhe parecia um sonho, uma visão estranha de algo que não compreendia.

.

De vez em quando esticava sua asa e tocava e observava os vincos fundos cicatrizados e olhava o céu e colhia flores ou sentia a chuva sobre sua pele enquanto caminhava e carregava um ramo.

.

No alto da montanha, de asas abertas, com o céu vazio sentia o vento.

.

Quando seu líquido quente tocou sua face, sentiu-se quase do mesmo modo que quando voava e deu-se conta de que não mais sabia como era sentir que se está voando na imensidão do céu, azul ou negro.


por Adrins

voando?!

terça-feira, 11 de maio de 2010

cultivadores de sorrisos

para os amigos cultivadores

Ganhei um buquê de sorrisos
sem nenhum motivo especial,
de amigos especiais.

Coloquei em meu coração
eles são muitos!
são lindos!
seu perfume alegra minha alma!
e não murcham.
Amanhã vou à praça
distribui-los
para quem mais quizer cultiva-los.

por Adrins
Feliz!

domingo, 9 de maio de 2010

as rosas sobre a mesa


não me permito ve-las
falta de sensibilidade?

excesso!
elas veem para desmanchar mal entendidos

não chegam para mim

sou toda entendimentos

mas se eu ve-las por um instante
vou acreditar por um segundo
que eu as recebo

não as vejo

mas sei que são rosas

e rosas...


por Adrins
em desvendamentos

terça-feira, 27 de abril de 2010

Eles!!!

Eu não queria,
Juro que não queria.
Mas eles estão lá
Para todo lado que eu olhe:
De todas as cores
Em todos os lugares
Diante dos meus olhos.
Na rua,
Na calçada,
No céu,
Na sopa?!
De pedra,
De folha,
De nuvem,
De plástico,
De pétalas,
De batata!
Dentro dos meus olhos fechados
Ainda que eu não olhe
Eles estão lá.
Ainda que eu os tema,
Os expulse,
Os ignore,
Eles me seguem.
Por todos os caminhos,
Eles!!!Os corações...
por Adrins
aceitando

domingo, 18 de abril de 2010

Lá fora












O sol brilha, intensamente.

Os pássaros cantam sobre as árvores
Faz um dia lindo!
Eu olho da minha janela.

por Adrins
sentindo

domingo, 11 de abril de 2010

Na outra dimensão



Sou de outro tempo
não corro com o mundo
só me vê quem para e olhar
de mente vazia
e coração tranquilo

Eles têm pressa
mente cheia
coração confuso
me veem aos avessos
e me compreendem ao contrario

São tantos os enganos
que não os desfaço
custaria muito tempo
do meu lento (curto) tempo

de meus passos lentos
em um tempo curto
de outros tempos
(e não os desfazer também me custam)

por Adrins
sentada
não sedada
tentando ver

sexta-feira, 26 de março de 2010

Reward

se encantou sim
e admirou
o quis
depois teve inveja
do que ele era
do que ela não era

não tentou ser
tentou faze-lo deixar de ser
era mais fácil

e quando ele desencantou
ela chorou
por que ele foi?!

por Adrins
em frente!

domingo, 14 de março de 2010

Chove

Aproveito a desculpa para permanecer aquecida e abraçada.

Tomara que chova...

Muito?!


por Adrins
sem se molhar

domingo, 7 de março de 2010

Carta de um fim sem começo

"Ouvir música de madrugada é um conto de fadas."
Suzana Mafra

Está trovejando, ouço cada som, na esperança de que silenciem, para que minhas letras possam permanecer a falar no som quase surdo das teclas, os não silêncios das letras, gritos surdos da minha alma. O pensamento concretizado em símbolos que podem ser lidos, mas não decifrados.
O som da chuva abre os meus desejos, não há velas, cheiros ou sabores capazes de despertar minhas vontades, da forma com o som da chuva faz. Lembro de termos tomado banho de chuva, de meu olhar seguir as gostas deslizando pelo que é você, lembro de ter sentido seu beijo através delas escorrendo em seus lábios, de desejos acendidos em meu ventre a cada gota, a cada roçar. Desejos de colar, de sentir toda a pele molhada, de secar as gotas com os lábios, de você traze-las para dentro de mim. Lembro do desejar sob as gotas do chuveiro e você ali, tão próximo e tão distante.
Mas não lembro se já senti seu corpo ao ouvir esta melodia, lembro de muitas outras igualmente mágicas, das maiores criações do homem, mas não desta, a mais fascinante melodia da natureza. Se já aconteceu acho você lembraria (você se lembra?).
Eu já lhe disse que a musica teria outro significado depois daquela vez, que eu sentiria pele quando a ouvisse (não lembra?). Mas eu nunca disse do som da chuva. Os rituais que primeiro você fez e depois abandonou por não terem o efeito que esperava. Agora que não vou mais sentir seu corpo posso confessar, se tivéssemos aproximado os nossos corpos com essa música, eu teria morrido de suor e saliva.
Talvez eu ainda morra um pouco, de sede, apesar de toda esta água, por falta da tua saliva.


por Adrins
com sopros de Angelus

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Conhecido estranho

Que estranho
ver ele
sem querer

que estranho
não querendo
ter de ver ele

que estranho
parar de ver
sem abraçar
ainda que seja ele

por Adrins
em estranhamentos

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Só rir, não sorrir

Ele ri
pra disfarçar o incomodo
disfaço que o conheço
pra evitar
e não esquecer
de sorrir

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Antes do beijo

Se aquele murro não fosse tão alto
eu pularia

Se aquela janela não fosse tão firme
eu arrombaria

Se aquele sono não fosse tão leve
eu não acordaria

Se...

por Adrins
leve

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Amo todos os meus minutos...


posso amar os seus?!

por Adrins
além do arco-íris

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Código e barra

00000000000000000000171

O matuto enviou a filha à cidade grande, para ter estudo e conseguir um bom casamento com um dos moços estudados da região. A filha, bonita, na primeira visita à casa trouxe o escolhido. Perguntou a si se aconteceu algo no caminho porque o rapaz vestia roupas estranhas, maiores que ele e parecia ter manchas no corpo. A mulher, que enxergava melhor, informou que as manchas eram desenhos. O rapaz falava de modo esquisito, ele não entendeu muita coisa mas foi o suficiente para pegar a velha espingarda do avô e apontar pro tipo: “ olha aqui rapaz!” ele olhou: “ maneiro!!! dá duas das minhas!” E tirou duas pistolas das calças.
Quando perguntaram porque permitiu o namoro com um tipo desses foi categórico: " o home é mais evoluido"

0000000000000000000(esquerda)

Nos primeiros aniversários ganhava bonecas e lhe ensinaram como era divertido trocar fraldas e colocar chupetas. Nos seguintes ganhou panelinhas e até uma pia que lavava a louça de verdade, um encanto! Pediu uma Barbara, ensinaram a magia da costura para fazer as roupas. Aos quinze dera-lhe brincos e vestidos porque já era uma mocinha e deveria se arrumar como tal. Depois de casada ganhava lindos panos de prato e potes de plástico, porque é o que precisa uma dona de casa. Ninguém entendeu quando a vadia largou tudo que tinha e fugiu com um cantor de casas noturnas.

por Adrins
rindo na cara da esfinge

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Da casa amarela

Para o cara mau...
“Haurit aquas cribro qui díscere vult sine libro.”
Provérbio medieval

- Oh Isa, vai lá na janela, olha o vizinho, tá vestido de preto de novo, parece aqueles caras da seita que vimos na tv. Eu sei que era um filme, mas os caras têm que tirar isso de algum lugar. Vai ver fazem o filme pra conseguir mais caras pra seita. Aí o cara liga pro diretor, diz que gostou do filme, eles saem pra tomar café... é isso! vai ver o vizinho viu o filme e ligou pro diretor. Ah pra ele deve ser fácil conseguir o número, vive com essa gente esquisita que não trabalha. Olha a cara dele pra ver se ta parecido com os caras do filme, porque a sua casa é do lado da dele e o meu binóculo ta horrível! Eu sei que ele ta na esquina já, mas quando ele voltar. E o que você tem pra fazer, Isa? A novela? Coloca a tv mais perto da janela, ora!

- Então Isa, viu a cara dele? Eu também não vi ele chegar, mas ouvi o cão da Matilda latir as 23h56, meu binóculo ta ruim e não pude ver nada, mas devia ser ele. Olha lá, ele ta saindo de novo e acho que está com cara de sono. Eu to vendo que ele ta com um agasalho hoje, mas deve ser para disfarça! Ou vai ver é o disfarce da seita, pra eles se reconhecerem na rua, o filme não iria contar essas coisas. Vai lá ver se ele ta com cara de sono! E lê o que ta escrito na roupa dele. Tira o lixo pra rua e olha a cara dele! Eu sei que hoje não é dia do lixeiro, é só tirar o lixo e olhar pra ele. Meia hora depois você finge que lembrou que não é dia do lixo e vai buscar, ora! Vai lá tirar o lixo!

- Viu a cara dele? Tava com cara de sono? E o que tava escrito no agasalho? Se tivermos uma pista podemos ir na policia! Eu vi sim, mas o que é que tem se o moleque levou sua sacola de lixo? Por que não era lixo? A sacola que tinha próximo? Boa! Não quero saber o que tinha, quero saber do vizinho! O quê????? Minha encomenda da revista!!!!!! Corre atrás do moleque!!!! Eu não posso, tenho que olhar o vizinho!!!

por Adrins
em virtudes más

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Se eu soubesse...




por Adrins
que não sabe desenhar e (talvez?!) tocar....

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Primeiro dia de morto vivo

Para Thiago (zumbi?!)

Tive uma noite péssima; calor infernal, ventilador quebrado no meio da noite, aquele cheiro de queimado. Sai à rua, mesmo após o banho, me sentido tostado e derretido. Na segunda esquina uma bicicleta quase me atropelou, o cara gritou “olhe por onde anda!”. Olhei e não vi seu braço direito, fiquei branco. O cara não ter braço tudo bem, mas eu podia jurar que o via sangrando e ele pedalava com se não sentisse nada, a não ser pelo mau humor. Olhei para o outro lado a procura de fôlego e vi uma velhinha sem orelhas e um jovem... Meu deus! O jovem tinha um oco no lugar do cérebro?!

Sentei desnorteado na calçada, ouvi uma voz conhecida “ tá tudo bem?” “cara! Que houve com seus olhos?!” “o quê ?!” ele olhou no retrovisor do carro próximo com se ainda fosse capaz de olhar, eu não via olho algum na face de meu amigo. Mas ele continuava a olhar e me guiar pela rua, preocupado com minha expressão ensandecida. E eu continuava a ver pessoas deformadas, sem partes de seu corpo, algumas sangrando, andando pela rua. Puta merda! Que diabos eu tinha bebido na noite passada?! Não me lembrava de ter bebido, mas poderia confiar em mim depois do que via?

Tomei o café que uma moça de olhos baixos colocou sobre a mesa. Ela tinha o peito aberto por onde eu jurava que via algo espetado numa massa vermelha, o sangue pingava mas o chão continuava limpo. Agradeci ao meu amigo e apressei o passo até a empresa, o deixando para trás pagando a conta. Tentei não olhar para ninguém durante a manhã, me escondia no banheiro e pessoas deformadas vinham perguntar seu eu estava bem, teria rido na cara delas se não estivesse tão apavorado.

No almoço liguei para a Beti, disse que não estava bem “Ah querido, o chefe me mandou ao banco, não vai dar tempo, mas passo na sua casa à noite tá bem? Qualquer coisa me liga”. Tentei almoçar, mas as pessoas sorridentes tinham ferimentos horríveis dos quais nunca pensei ser capaz de imaginar e quantas pessoas com as cabeças sem cérebro meu deus!

Um calmante! Precisava de um calmante, mas parei na frente do balcão. A atendente parecia completamente normal, talvez não, não sei, não consegui reparar. Pelos espelhos da saleta vi um ferimento em minhas costas, enorme, como se tivesse sido feito por um punhal e havia até uns coágulos como se o ferimento tivesse sido feito a muito tempo e fosse constantemente reaberto. Pensei na Beti, disse qualquer coisa à atendente. Acho que comprei comprimidos pra dor de cabeça - ao menos estavam em meu bolso - e voltei para casa. Ligaram do trabalho, vi o número piscando no celular, não atendi. Passei a tarde tentando tocar ou senti o meu ferimento, mas só o via. Bosta de alucinação!

À noite tentei consertar o ventilador sem sucesso, a Beti não atendeu meu telefonema e o cheiro de queimado misturou-se a náusea do ferimento recém exposto em meu peito.

por Adrins
de ferimentos fechados
(e pc que não identifica palavrões, bosta!)