domingo, 27 de abril de 2008

Dia desses fiz anos.
Meus alunos deram-me o melhor presente:
Carinho,
Muitos abraços ,
E uma chuva de letras .
Quem me dera juntar todas elas...

...

Talvez um dia eu consiga!


por Adri.n
aprendendo a magia das pequenas coisas...

sábado, 26 de abril de 2008

As idéias não pertenciam a Saú porque ele não as queria pertencer...

As idéias não eram de Saú.

Saú compreendia a todo tipo de idéia, e a toda hora uma vinha ao seu encontro (principalmente as mais velhas e sábias que procuravam refugio e companhia em corações generosos). Bastava ele sentar-se em um banco de praça ou parar por um instante que fosse a observar o canto de uma andorinha e pronto. Uma idéia vinha ter com ele. E eram muitas as que lhe solicitavam abrigo. Saú relutava, mas sempre acabava cedendo à compaixão e as recebia, pois gostava da companhia de todo tipo de idéia. No entanto, fazia enorme esforço para escondê-las no fundo do quintal para que ninguém mais as visse.
Um dia uma idéia entusiasta saltou janela ...

..............(cbs)...........

por Adri.n que nada é, mas não sabe.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Aconchego

Vi um pássaro por entre os vidros da janela

Um pássaro me viu por trás dos vidros da janela

Se foi tomado pelo mesmo sentimento que eu para com ele?
Tomara que sim.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Já não tive medo das nuvens.

Quando menina aprendi a voar!

Bem me lembro dos primeiros vôos acima dos telhados do sítio de minha avó. Eu não sabia como fazia ou porque fazia, mas queria aprender a voar mais alto. Até que um dia me dei conta, não lembro se por mim mesma ou pelo que os outros me disseram, que eu poderia cair e quanto mais alto...

Comecei a voar com mais cuidado, e então os telhados pareciam-me altos demais e eu não passava da altura das janelas até que larguei de me aventurar e passei a viver no chão.

Uma noite minha bicicleta flutuou comigo, morri de medo, mas senti saudade e quis novamente voar. Então porque o que um dia eu fazia com tanta facilidade passou a ser tão complicado? Não conseguia mais que, com muito custo, flutuar alguns centímetros do chão. E tentava até a exaustão. Um dia chorei: - Não posso mais voar.

E então meu espírito tomou as rédeas e voei numa velocidade e altura extraordinárias. Foi fantástico! Percorri os campos como uma águia, dona do céu! Não queria pousar nunca!!! Mas, outra vez no chão, não ouso fazer de novo.

É muito perigoso.

sábado, 12 de abril de 2008

Do porque escrevia e do porque escrevo...

Um dia me apaixonei pela escrita
E tinha de viver esta paixão
Muitas vezes me era doloroso
A cada tombo decidia não correr mais o risco
Mas o coração se inflamava
e eu tinha de continuar para respirar
O medo rasgou meu peito por diversas vezes até que consegui expulsa-lo
E então descobri o amor
O amor!
Esse sentimento maior e absoluto
Deu-me a paz que eu não conhecia
E a felicidade que eu não acreditava
Ensinou-me a escrever com desapego
A educar as letras nascidas de mim para o mundo
Pelos simples desejo de criar
Sem os querer eternamente para mim
E sem temer no que eles se tornariam
Apenas amando-os
E assim aprendo a ser feliz

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Coração de Valentin- Parte II

Não começe por aqui, esta é a segunda parte...

Coração de Valentin- Parte II

Valentin tinha nove anos da primeira vez que me perguntou sobre sua família e lembro-me da cada palavra trocada como se as tivesse acabado de pronunciá-las. Era fim de tarde e ele entrou em nossa cabana da mesma maneira que sempre fazia alegre e sorridente, e sentou-se no seu banco em frete a janela para observar o horizonte - seu lugar preferido para assistir o sol se por - e de repente falou, como se tivesse recordado de algo trivial:
- Mestre, ouvi Flora falando que minha mãe está morta... Eu tive uma mãe?
E talvez, impulsionado por sua tranqüilidade, ou pela necessidade de finalmente verbalizar todo o ocorrido, depois de nove anos, foi sem nenhum constrangimento ou receio que contei tudo com sinceridade:
- Você tem uma mãe, um pai e um irmão.
- Mesmo?! E... porque eu nunca os vi?
- Seus pais acreditam que você morreu, há muito tempo. Eles não sabem que você está vivo.
- Por quê?
- Por que seu pai o queria morto.
Tive um calafrio ao terminar de dizer aquelas palavras, Valentin era sensato até demais para sua idade, mas ainda era criança e arrependi-me de as tê-la dito com tanta naturalidade. No entanto, minhas palavras não o perturbaram e ele continuou a questionar como se falássemos de algo trivial:
- Por que ele não me quis, ele não gostou de mim?
- É muito mais complicado que isto... Não é culpa sua ...e nem dele...
Aproximei-me sentei ao seu lado e contei tudo que sabia olhando em seus olhos, que por nenhum momento se sobressaltaram:
- Há muito tempo atrás, um nobre teve dois filhos gêmeos. Eram garotos idênticos e ninguém conseguia diferencia-los. Quando estes completaram dezenove anos um deles cruzou a praça principal enfurecido, desafiando para um duelo um jovem, talvez um pouco mais velho, na frente de todos. Eles lutaram e o jovem foi morto, o outro fugiu apavorado e ninguém soube dizer qual dos gêmeos era o culpado. Diante do velho rei cada qual se acusou dizendo que o irmão, inocente, queria tomar o lugar do outro. Sem saber o que fazer, tendo que punir o culpado, mas não querendo condenar o inocente o soberano trancou os dois na grande torre azul acreditando que com o tempo o inocente desistisse da prisão e mesmo que ambos resolvessem dizerem-se inocentes, uma vez questionado sobre os acontecimentos o culpado denunciar-se-ia.
- Deu certo?
- Não. De inicio os guardas os ouviam discutindo, mas ao fim de dois anos apenas sussurravam até que um dia um deles gritou por ajuda, acordara com o irmão morto. Voltaram a questioná-lo sobre o assassinato e suas únicas palavras fora uma pergunta ao pai do jovem assassinado que era também conselheiro do rei: se já não tinha o suficiente para sua vingança.
Um homem velho a que todos chamavam de sábio passava pelo reino naqueles dias e, pressionado por sua corte e pelo pai do jovem morto, o rei mandou chama-lo para ajudá-lo no julgamento.
- e o que o sábio disse?
- ele olhou com tristeza para o velho rei e o pequeno príncipe que deveria ter mais ou menos a sua idade ao seu lado e disse que não poderia ajudá-lo. Mas o conselheiro, o agarrou pelo braço e disse que seus olhos mostravam que vira algo.
E com tristeza na voz o sábio disse: no futuro o segundo tomará o lugar do primeiro. E com fúria disse ao conselheiro. E você sentenciou seu reino a esta maldição.
- O que isso significa?
- Ninguém sabe. Os sábios sempre dizem coisas que só compreendemos quando acontece.
- E o que aconteceu com o rapaz?
- O rei o expulsou do reino sobre pena de morte se retornasse e ele e seu pai foram com o sábio, que permitiu que o acompanhassem. E desde então todo o reino passou a considerar que a maldição do sábio cairia sobre toda a família que tivesse gêmeos. Enquanto eu falava observava o rosto de Valentin, temendo sua reação, mas apesar de tudo que eu revelava, ele olhava para mim com naturalidade. E eu continuei como se falássemos do fim de tarde:
- O velho rei era seu avô e agora o rei é seu pai.
Valentim permaneceu em silêncio pelo que me pareceu anos e eu senti minha respiração falhar. Ele sabia o que significava ser rei e principalmente o que ele teria se fosse o príncipe e a esta altura já tinha compreendido que o irmão o era enquanto ele vivia longe de tudo, mas ele pareceu não considerar o fato, e não me questionou porque era ele que vivia comigo ou como tudo aconteceu. Seus olhos se iluminaram quando exclamou com a voz quase sumida:
- Eu tenho um irmão gêmeo?!
- Sim
E parecendo satisfeito, sem me perguntar mais nada, ficou a refletir sobre o pôr-do-sol e quando jantamos conversamos sobre as coisas da vila e fomos para nossas camas do mesmo modo que todos os dias.
Contudo, acordei sobressaltado logo depois, pois em meus sonhos vira um Valentin muito zangado gritando com a voz do rei “Serafim, mate-o”, aproximei-me de sua cama, ao lado da minha, e o vi dormindo tão tranqüilo quanto todas as noites em que eu acordava de pesadelos aos quais guerreiros irrompiam a porta e o levavam. Mas meu coração não se acalmou, passei a noite imaginando sua reação de fúria quando finalmente compreendesse tudo. Eu conhecia Valentim desde seus primeiros suspiros, mas ainda não confiava em meu coração. E minha mente dizia que era uma questão de tempo para tudo ruir. E voltei a me recordar do destino dos gêmeos aprisionados na torre azul, quando tudo aconteceu e eu e Bonifácio vimos o olhar fuzilante do conselheiro para com o gêmeo sobrevivente, éramos menores que Valentim. Mas nunca esqueci aquele olhar duro e perverso, é da natureza do ser humano registrar sempre o ruim com mais realismo, pois eu não lembrava do olhar dos dois irmãos ao serem mandados a torre juntos.


Ao acordar na manhã seguinte o vi sentado aos pés de sua cama, no outro lado do quarto, minha cabeça girava pela noite mal dormida e cheia de pesadelos e por uma última vez me julguei imprudente demais em falar tanto, tão subitamente. Mas o que é feito está feito e eu sabia que não conseguiria falar com ele de outro modo. Criei Valentin como a um filho, mas nunca o deixei pensar que era meu, era natural que quisesse saber e justo que eu fosso verdadeiro. Por fim convenci-me de que se ele me questionava então este era o melhor momento e tinha de fazer o meu melhor para que ele continuasse a ser o que sempre fora; feliz. Devo ter me demorado um pouco em toda esta reflexão e quando voltei a olhá-lo a me observar tive a impressão de que ele ouvia meus pensamentos e esperava eles se calarem e só então me perguntou:
- O que o senhor era antes de eu nascer?
Respirei fundo, ele ainda era o mesmo de sempre e não havia sinal de fúria ou tristeza em seus olhos, me esforcei para olhar para ele enquanto falava, decidi que não mentiria ou omitiria nada do que me perguntasse e que os espíritos me ajudassem:
- O primeiro guerreiro.
- O senhor fica triste por não ser mais?
- Eu era feliz lá, e sou feliz aqui.
Ele sorriu e meu coração encheu-se de ternura, mas minha mente ainda vacilava e tive de perguntar:
- Valentim... saber de tudo isso não o deixa triste?
- Não. Meu irmão é igual a mim?
- Suponho que devem ter o mesmo rosto, mas não posso afirmar. Nem todos os gêmeos são idênticos.
- O mesmo rosto? Os mesmo olhos e cabelos, tudo?
- E os mesmos pés, mãos ... mas não os mesmos pensamentos ou gestos.
- Mas os gêmeos da historia se defenderam até o fim do mesmo modo.
- Mas só um cometeu o crime.
E seus olhos brilharam de admiração:
- Não é fabuloso?!
Valentin meditou sobre isso pelo tempo que eu aquecia a água e eu preparei meu espírito, ele não se indignara com a maldição porque estava encantado demais com historia dos dois irmãos e meu coração já sabia o que ele iria me pedir quando refletisse sobre tudo. E me preparei para ser firme em minha negativa. Ele tomou o chá e me olhou nos olhos, pude senti-lo, mas não desvie o olhar de minha bebida.
- Mestre Serafim...
- Uhm?
- Eu posso ver meu irmão?
As palavras me escorregaram sozinhas sem meu consentimento:
- Você pode vê-lo ... mas não ele a você
- Quando?
Seus olhos brilhavam de expectativa e foi com um nó na garganta que ouvi meu próprio sussurro:
- Amanhã você o verá.



No dia seguinte comemorava-se a festa anual da paz e todo o reino reunia-se em volta do castelo, para assistir as demonstrações dos guerreiros e servirem-se de grande diversidade de comida. Muitas pessoas usavam máscaras coloridas ou trajes de festa. Por isto esse era o melhor dia para nós entrarmos no castelo sem sermos reconhecidos. Olívio e sua família, assim como muitos da aldeia, esperavam com ansiedade por este dia e todos os anos saiam da aldeia ainda de madrugada para retornar tarde da noite. Eu nunca havia aceitado o convite de acompanhá-los, ao invés disso eu e Valentim sempre passávamos o dia na mata, treinando, observando os animais ou simplesmente caminhando para ele não sentir a falta de todos e não desejar ir com eles.
Por tudo isso Olívio surpreendeu-se quando, naquela tarde, fui a sua cabana e perguntei se podíamos acompanhá-los na próxima madrugada. Mas logo ele e a esposa riam e me abraçavam, como se eu estivesse superando uma grande dor, e Silvestre correu a procura de Valentin com duas máscaras nas mãos.
Margarida revelou-me que Silvestre as fizera e tentava convence-los há dias para permitirem que ele convidasse Valentim para ir com eles. E agradeci aos céus pela amizade dos dois mais uma vez, agora não teria que me preocupar em oculta-lo caso seu rosto fosse igual ao do príncipe.
Assim, no dia seguinte saímos, Silvestre e o irmão não paravam de contar a Valentim as maravilhas que ele veria e ele ria e cantava com eles, mais eufórico do que jamais o vira antes. Quando avistamos o castelo ele foi o primeiro a por sua máscara e sorri por sua maturidade. Porem, meu coração não estava preparado, eu preocupei-me tanto com Valentin que esquecera de meus sentimentos e quando atravessamos o portão ele caiu-me como uma pedra eu meu peito. Vi o rosto de Rosa em todos os lugares e meu sangue parou quando avistei Justo ao longe, escoltando a carruagem real.
Foi o dia mais pesaroso, mais difícil de minha vida e que não passava nunca, eu via as pessoas comerem e cantarem, ouvia seus gritos de entusiasmo com cada demonstração de habilidade dos guerreiros e tudo se transformava em vultos que agarravam Valentin e o levavam de mim. Abria os olhos e o procurava, me angustiava não poder ver o seu rosto, não poder ler o que ele sentia. Ele permanecia rijo ao meu lado e não se afastava mesmo sob a insistência de Silvestre para acompanhá-lo, para se aproximarem mais de uma demonstração ou ir ver alguma maravilha e Silvestre então se afastava e retornava e Valentin permanecia ao meu lado como se compreendesse que eu não suportaria perde-lo de vista.
Até que, depois do que pareceu séculos, as trombetas tocaram e todos silenciaram-se para ouvir a saudação do rei. A carruagem parara próximo a roda de apresentações e a família real desceu. Primeiro o rei, depois a rainha e por fim o príncipe Felix, alguém o anunciou e me dei conta que só então soube o seu nome. E minhas últimas esperanças morreram. Não havia diferença física entre ele e Valentin, eram gêmeos idênticos. Não ouvi o discurso do rei, nem a aclamação do povo, só via Valentim, imóvel, atrás de sua máscara colorida que por um instante escorregou de seu rosto e meu coração parou. Mas ele, sereno, recolocou-a e como por milagre nada acontece além de finalmente a família real se despedir e partir sobre a aclamação do povo.
Então Valentin pegou minha mão e eu despertei do meu encanto, não podia ver seu rosto, mas sua voz era suave e tranqüila:
- Agora já podemos ir.
Olívio pareceu entender meu sofrimento, apesar de não poder imaginar qual era realmente, e chamou sua família para partirmos. Acho que me restavam poucas forças e minha expressão deveria estar denunciando meu estado de espírito. Sempre tive consciência de que se eu e Valentin vivíamos bem, muito ou quase tudo devíamos a generosidade e percepção de Olívio e sua família. Valentin aprendera muito no convívio com eles que sempre foram uma família verdadeira uns com os outro e de certo modo nos sentíamos parte dela.
Nós nunca voltamos a conversar sobre minha chegada depois daquele dia, Olívio nunca precisou de explicações, mas ele sentia que algo me afligia e sempre foi muito companheiro. E muitas vezes desejei poder lhe contar tudo, mas isso exporia a ele e sua família a maldição, e eu não queria que nada de mal acontecesse a eles. Mas de certo modo eles já faziam parte de tudo simplesmente por nos amarmos como uma verdadeira família.

(...) por Adri.n