terça-feira, 15 de abril de 2008

Já não tive medo das nuvens.

Quando menina aprendi a voar!

Bem me lembro dos primeiros vôos acima dos telhados do sítio de minha avó. Eu não sabia como fazia ou porque fazia, mas queria aprender a voar mais alto. Até que um dia me dei conta, não lembro se por mim mesma ou pelo que os outros me disseram, que eu poderia cair e quanto mais alto...

Comecei a voar com mais cuidado, e então os telhados pareciam-me altos demais e eu não passava da altura das janelas até que larguei de me aventurar e passei a viver no chão.

Uma noite minha bicicleta flutuou comigo, morri de medo, mas senti saudade e quis novamente voar. Então porque o que um dia eu fazia com tanta facilidade passou a ser tão complicado? Não conseguia mais que, com muito custo, flutuar alguns centímetros do chão. E tentava até a exaustão. Um dia chorei: - Não posso mais voar.

E então meu espírito tomou as rédeas e voei numa velocidade e altura extraordinárias. Foi fantástico! Percorri os campos como uma águia, dona do céu! Não queria pousar nunca!!! Mas, outra vez no chão, não ouso fazer de novo.

É muito perigoso.

3 comentários:

ítalo puccini disse...

lendo e escrevendo voamos.

texto sensível. bem escrito.

Anônimo disse...

Nossa...
Que belo texto Adri...
Impressionante.
Sensível, como disse o Ítalo...

Anônimo disse...

É, é perigoso porque temos medo. Temos medo de tudo que não podemos entender ou classificar. Somos prisioneiros da linearidade das idéias, da inexorabilidade da lógica e da descrença no intangível... Que pena, porque , no fundo, todos nascemos sabendo voar, só que à medida que desenvolvemos nossa "humanidade",alicerçada no freio aos instintos mais primitivos, perdemos essa capacidade... Mas tudo bem, um dia, livres da temporalidade, talvez nos sintamos aptos novamente a recuperar a liberdade...
Bju, Déborah