sexta-feira, 26 de março de 2010

Reward

se encantou sim
e admirou
o quis
depois teve inveja
do que ele era
do que ela não era

não tentou ser
tentou faze-lo deixar de ser
era mais fácil

e quando ele desencantou
ela chorou
por que ele foi?!

por Adrins
em frente!

domingo, 14 de março de 2010

Chove

Aproveito a desculpa para permanecer aquecida e abraçada.

Tomara que chova...

Muito?!


por Adrins
sem se molhar

domingo, 7 de março de 2010

Carta de um fim sem começo

"Ouvir música de madrugada é um conto de fadas."
Suzana Mafra

Está trovejando, ouço cada som, na esperança de que silenciem, para que minhas letras possam permanecer a falar no som quase surdo das teclas, os não silêncios das letras, gritos surdos da minha alma. O pensamento concretizado em símbolos que podem ser lidos, mas não decifrados.
O som da chuva abre os meus desejos, não há velas, cheiros ou sabores capazes de despertar minhas vontades, da forma com o som da chuva faz. Lembro de termos tomado banho de chuva, de meu olhar seguir as gostas deslizando pelo que é você, lembro de ter sentido seu beijo através delas escorrendo em seus lábios, de desejos acendidos em meu ventre a cada gota, a cada roçar. Desejos de colar, de sentir toda a pele molhada, de secar as gotas com os lábios, de você traze-las para dentro de mim. Lembro do desejar sob as gotas do chuveiro e você ali, tão próximo e tão distante.
Mas não lembro se já senti seu corpo ao ouvir esta melodia, lembro de muitas outras igualmente mágicas, das maiores criações do homem, mas não desta, a mais fascinante melodia da natureza. Se já aconteceu acho você lembraria (você se lembra?).
Eu já lhe disse que a musica teria outro significado depois daquela vez, que eu sentiria pele quando a ouvisse (não lembra?). Mas eu nunca disse do som da chuva. Os rituais que primeiro você fez e depois abandonou por não terem o efeito que esperava. Agora que não vou mais sentir seu corpo posso confessar, se tivéssemos aproximado os nossos corpos com essa música, eu teria morrido de suor e saliva.
Talvez eu ainda morra um pouco, de sede, apesar de toda esta água, por falta da tua saliva.


por Adrins
com sopros de Angelus