Meu mundo e tão miúdo
Que sinto-me apertada dentro dele,
Às vezes abro uma brecha e espio os outros planetinhas.
Como pode! Existem muitos menores que o meu, tão sombrios,
E seus habitantes nem sonham em torna-los um pouco maiores
Ou pelo menos mais alegres...
Mas há os grandes mundos que se reúnem em nebulosas inteiras.
Como quero ampliar o meu mundo!
Às vezes construo uma ponte ou tento expandir as moléculas,
E como e encantador e quente quando algumas pontes se interligam,
E flores nascem, arvores multiplicam-se.
Mas é tudo tão frágil, é preciso estar constantemente atento,
Para tudo não cair no abismo, quando o meu mundo se enrosca em outro,
Nas constantes rotações.
E às vezes desejo deixa-lo como está, isso tudo dá tanto trabalho e derepente tudo rui.
Fico quieta e prometo não mais me aventurar ou sonhar,
Mas eis que junto os pedaços e não consigo pô-los fora.
E o desejo se renova, não consigo evitar.
Sei que meu mundo pode explodir, pode cair...e acabar-se
Mas a mudança é a ordem natural das coisas e para min é impossível
Parar de perseguir minha expansão.
Se conseguirei? Pouco importa,
Importa que a caminhada nunca perca seu encanto,
Para mim continuar juntando as cacos das minhas quedas.
por Adri.n
3 comentários:
Sabes que tu enterneces quem te lê? Tens o raro dom de tocar o coração com o que escreves. Será porque é verdadeiro e vem do mais profundo do teu coração? Penso que sim. Tu podes ser uma grande contista, e eu conto com isso. Beijos
Déborah
Discordo da minha mana Débora, você pode até ser um boa contista, mas como não conheço nenhum conto seu e sim a crônica que acabei de ler, acho que é, sim, uma grande cronista.
Li o seu perfil e vou lhe enviar uma crônica minha.
Grande abraço do
Amorim
AS CHUVAS DA MINHA INFÂNCIA
Por Luiz Carlos Amorim (escritor e editor – lc.amorim@ig.com.br)
Esta noite acordei com a chuva batendo na minha janela. Não fiquei contrariado de ter acordado com o barulho dos pingos contra o vidro, porque gosto de chuva. Sempre gostei. Gosto de dormir com o tamborilar dos pingos no telhado (morei a maior parte da minha vida em casas, graças a Deus!) ou na janela. Que eu me lembre, só fico chateado quando chove muito nas épocas da florescência do ipê, do jacatirão, do flamboian, da azaléia e do olho de boneca (um tipo de orquídea comum, em nossa região), pois as flores caem mais depressa porque ficam pesadas com o excesso de água e porque apodrecem. E quando a chuva me pega desprevenido no meio da rua, no inverno, pois é resfriado na certa..
Mas como dizia, choveu esta noite e os pingos na janela fizeram com que me reportasse a minha infância, já um tanto distante. O tamborilar que agora me traz uma sensação de paz e melancolia, naqueles tempos de garoto, idos tempos, fazia com que eu e meus irmãos grudássemos nossos narizes nos vidros das janelas e olhássemos para fora, com uma vontade enorme de sair e brincar, descalços, na água que corria ao lado da casa e junto da calçada. Não era delicioso chapinhar na água da chuva? (Sei que chapinhar não é uma palavra muito usada, mas meu sobrinho de três anos a ouviu e adora usá-la.)
Nossa mãe, no entanto, alerta, nos detinha. Mas em ela se descuidando um segundo, lá estávamos nós, fazendo festa debaixo da chuva, jogando água um no outro, estancando-a em pequenos lagos e soltando barquinhos de papel na corredeira, os cabelos escorridos e a roupa encharcada, com aquele ar de felicidade que só criança tem.
Aqueles dias se foram e eu não corro mais na chuva. Quando apanho chuva, fico aborrecido por que vou chegar molhado em algum lugar. Não consigo mais ser criança como antes. E gostaria de poder. Porque acho que ainda sou um pouquinho criança dentro deste corpo que vai envelhecendo e ficando cansado.
Amanhã, quem sabe, talvez eu saia descalço e de peito nu, a cantar pela chuva. Se você encontrar um maluco molhado cantando e dançando na chuva, não se assuste. Pode ser que seja eu.
Http://br.geocities.com/prosapoesiaecia
Nossa! estou quase me considerando escritora com tantos elogios...
Gostei muito de sua crônica Luiz e obrigada por sua visita!!!
Ah, gostei muito do site, estes dias me perdi po lá lendo Leminsky...
Adri.n
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