terça-feira, 16 de junho de 2009

Do que não foi dito sobre a raposa e o principezinho


"A raposa calou-se e observou por muito tempo o príncipe. - Por favor…cativa-me! Disse ela. - Eu até gostaria – disse o principezinho – mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer. - A gente só conhece bem as coisas que cativou… – disse a raposa – Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me !" Saint-exupéry

A raposa era feliz e amava correr com o vento. Não tinha nada e nada lhe faltava. A floresta era sua mãe, amiga e amante. Sorria com os olhos todos os dias ao acordar e dormia em paz.

Eis que os homens cinza vieram à procura de diversão e encantaram-se com a alegria da raposa, ela não se encantou com os homens, por isso fugiu. Mas eles eram ardilosos e ela não conhecia maldade, de modo que foi fácil aprisioná-la e levá-la a civilização.

A raposa continuava amando a floresta, mas encantou-se com a civilização, e dedicou-se a observar e conhecer o coração e as palavras dos homens. Quanto mais conhecia mais compreendia de todas as formas e cores que eles eram e o quanto eles eram tristes. Mas ainda assim apaixonou-se por suas curtas alegrias, e suas cores e suas músicas.

Mas a raposa amava a floresta e como os homens já haviam se esquecido de onde ela viera deixaram de vigiá-la e então, ela voltou para seu ninho.
Foi feliz na floresta como sempre fora, mas compreendeu que estava encantada para sempre pela civilização. Passou a dividir seus dias com seus dois amores. Vez por outra ela deixa a floresta pela música, pelas cores e pelos curtos sorrisos.

Mas estando só sentiu vontade de dividir e passou a observar nos homens os quais amavam o mesmo que ela e descobriu que eram poucos. Contudo, descobriu leais companheiros.

A raposa estava entre a floresta e a civilização da primeira vez que o pequeno príncipe viera e ela gostou de sua companhia e quis saber sobre sua rosa e seus baobas, mas não perguntou nada. Apenas correu no vento e lhe mostrou seus ninhos e suas nuvens e o que sabia dos homens, pelo simples prazer da companhia.

E encontrou o principezinho com os homens uma vez e viram as cores e ouviram a música e riram juntos... E a raposa voltou para a floresta feliz com o que vivera, sem saber se o veria novamente. E voltaram a se ver, porque amavam os mesmos lugares e sensações.

E voltaram a se ver. Mas aquela noite foi diferente porque o pequeno príncipe viera a floresta trazendo músicas e cores. E ela sentou ao seu lado e ele acariciou seu pelo e permaneceram por muito tempo cada qual em seus pensamentos. Ela sabia que os pensamentos dele não eram dela, mas aquele momento lhes pertencia e quando o dia amanheceu e ele voltou para o reino (ou seu planeta, ou sua lua, nao era capaz de saber) ficou um pouco de música, cor, riso e cheiro. A raposa não sabia se o veria mais uma vez, mas dormiu pensando nas cores do trigo e o que diria se houvesse uma despedida.

por Adri.n
ainda querendo dividir nadas

Um comentário:

Anônimo disse...

Ha muitos anos li o Pequeno Princípe, e me encantei - como todos - mas, o que você escreveu é um capítulo não contado. Parabens, este trecho poderia muito bem ser incluído no livro, e ele não perderia seu encanto.