quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Primeiro dia de morto vivo

Para Thiago (zumbi?!)

Tive uma noite péssima; calor infernal, ventilador quebrado no meio da noite, aquele cheiro de queimado. Sai à rua, mesmo após o banho, me sentido tostado e derretido. Na segunda esquina uma bicicleta quase me atropelou, o cara gritou “olhe por onde anda!”. Olhei e não vi seu braço direito, fiquei branco. O cara não ter braço tudo bem, mas eu podia jurar que o via sangrando e ele pedalava com se não sentisse nada, a não ser pelo mau humor. Olhei para o outro lado a procura de fôlego e vi uma velhinha sem orelhas e um jovem... Meu deus! O jovem tinha um oco no lugar do cérebro?!

Sentei desnorteado na calçada, ouvi uma voz conhecida “ tá tudo bem?” “cara! Que houve com seus olhos?!” “o quê ?!” ele olhou no retrovisor do carro próximo com se ainda fosse capaz de olhar, eu não via olho algum na face de meu amigo. Mas ele continuava a olhar e me guiar pela rua, preocupado com minha expressão ensandecida. E eu continuava a ver pessoas deformadas, sem partes de seu corpo, algumas sangrando, andando pela rua. Puta merda! Que diabos eu tinha bebido na noite passada?! Não me lembrava de ter bebido, mas poderia confiar em mim depois do que via?

Tomei o café que uma moça de olhos baixos colocou sobre a mesa. Ela tinha o peito aberto por onde eu jurava que via algo espetado numa massa vermelha, o sangue pingava mas o chão continuava limpo. Agradeci ao meu amigo e apressei o passo até a empresa, o deixando para trás pagando a conta. Tentei não olhar para ninguém durante a manhã, me escondia no banheiro e pessoas deformadas vinham perguntar seu eu estava bem, teria rido na cara delas se não estivesse tão apavorado.

No almoço liguei para a Beti, disse que não estava bem “Ah querido, o chefe me mandou ao banco, não vai dar tempo, mas passo na sua casa à noite tá bem? Qualquer coisa me liga”. Tentei almoçar, mas as pessoas sorridentes tinham ferimentos horríveis dos quais nunca pensei ser capaz de imaginar e quantas pessoas com as cabeças sem cérebro meu deus!

Um calmante! Precisava de um calmante, mas parei na frente do balcão. A atendente parecia completamente normal, talvez não, não sei, não consegui reparar. Pelos espelhos da saleta vi um ferimento em minhas costas, enorme, como se tivesse sido feito por um punhal e havia até uns coágulos como se o ferimento tivesse sido feito a muito tempo e fosse constantemente reaberto. Pensei na Beti, disse qualquer coisa à atendente. Acho que comprei comprimidos pra dor de cabeça - ao menos estavam em meu bolso - e voltei para casa. Ligaram do trabalho, vi o número piscando no celular, não atendi. Passei a tarde tentando tocar ou senti o meu ferimento, mas só o via. Bosta de alucinação!

À noite tentei consertar o ventilador sem sucesso, a Beti não atendeu meu telefonema e o cheiro de queimado misturou-se a náusea do ferimento recém exposto em meu peito.

por Adrins
de ferimentos fechados
(e pc que não identifica palavrões, bosta!)

5 comentários:

jen l' homo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
jen l' homo disse...

Óóóóóóóó, o Grande Mestre Lovecraft iria saudá-la com mil labaredas de fogo roxo dentro de seu cérebro (se ainda há algum no meio dessa porra toda de monstruosidade mental).

jen l' homo disse...

posta meu conto da prova, plx, plx!

Adri.n disse...

^^

Aqui :
http://tijolosmundo-adrin.blogspot.com/2010/01/do-porque-para-se-adivinhar.html

Unknown disse...

kkkkkkkkk...eu já tinha visto muitos filmes trash, mas contos foi o primeiro, poxa, esse dava um bom roteiro, vamos gravar?