- Geralmente quem faz isso é flamenguista.
Comenta
o policial-motorista. Do banco de trás, eu e ele observamos
as pessoas da rua. Não olham para o carro da polícia, não olhamos
para seus rostos.
Os dois policiais falam um pouco, mas não querem saber da mão dele,
cortada pela garrafa. No quartel foram mais humanos, perguntaram como
foi, ofereceram água para lavar o corte. Disseram que não podiam
abandonar o posto. Ouvimos os policiais combinarem de nos deixar na
delegacia e sair sem esperar sermos chamados,encerrando o pacote.
Duas horas no banco da 5° DP da Lapa, uma hora sentados no quartel
da esquina do arco, quinze minutos na rua procurando um policial,
menos de um minuto para o malandro cortar a mão do meu companheiro e
levar a câmera com todas as nossas fotos de turistas apaixonados. A
injustiça é rápida, a justiça tarda e é falha.
Ele olha para a mão dolorida e lembra-se da camisa do malandro;
botafogo. Eu me lembro das pedras da reforma do arco da lapa,
fotografadas. Das pedras do arco jogadas no malandro, com a mão
machucada, pra soltar a mochila. Os policiais devem lembrar-se de
muitos turistas que dão sopa, carteira, documentos...
As
pessoas da rua também devem lembrar-se dos malandros ao caminharem
invisíveis, sem atrativos para a torcida seja fla ou flu.
Drummond conteou que escapou da morte porque o homem que
tentava degolá-lo era fluminense e ele, do fla não corrigiu o
engano. "Que me tomem, mas deixem me viver..." Pergunto à razão se
uma camisa nos salvaria e imagino a garrafa no pescoço.
O
homem era negro. Seus antepassados trabalharam nas pedras para erguer
o arco branco. Ele dorme nas pedras do arco e os dois lados continuam
a existir: ouro nos telhados do grande teatro e ruínas nos asfaltos
abaixo da escadaria. Passam carros, de músicos, a preços de
salários de uma vida que ignoram as faixas de greve, dos que
trabalham pela cultura, por salários de menos miséria. O pão de
açúcar continua para inglês ver e ler, flamenguista que trabalha
não ganha para a vista do pão/ loaf. Cari-oca.
O policial Livramento, que não é da Tropa de Elite, diz que bandido é protegido. O
sargento, que policial é perseguido. Eu viajo na faixa de gaza.
Um
negro em uma mercedes é malandro, ou toma ou canta o que lhe é de
direito pela história.Um branco no asfalto é naufrago ou
pesquisador, de outras terras. Há dizes e putas por territórios.
Diz puta?! Retratos de Seu Jorge, violão matador de dragões nas
paredes da rua. Decalques de São Jorge rasgando dragões de algodão
e celulose na feirinha do mês – compre um e/ou leve o endereço do
meu blog. Imagens na fotografia efêmera, eternizadas nos arquivos da
memória.
Enfim o B.O. nós PE. "O que levaram?" "A câmera." "Só?!" As fotos
subiram o moro, nós quase. E o Rio de Janeiro continua...
por Adri n s em retrospectiva