quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Poema Pelo Mundo



Chove,

mas é verão.

Escuta Raul!

Eu sempre gostei da chuva...

mas tinha medo!



O céu muda de cor

e continua sendo o mesmo céu

ainda que de ponta cabeça.



A alma não altera com o corpo;

As pessoas não mudam.

Há pessoas que perdem o medo

de ser-ver.



Quanto mais terras se pisa

mais se descobre a si

não importam os hábitos das mãos

ou as cores nos olhos.

Importa o que faz com sua alma

e a do próximo

e nos próximos.



Sedas não saciam sedes

ou a falta de luz.

Que importa o calor no escuro?!

Com a luz, há sombras.

Mas elas acolhem em dias de sol.



Há sim

meus olhos tem mudado de cor....





por adrins em começos sem fim

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Nunca é tarde para ler


Para os que gostam de ler há belas ilhas para se visitar no mundo da ficção: histórias dos que se apaixonam pelos livros – pelo ato de ler. Histórias em que ha simplicidade. Histórias de quem descobre o prazer da leitura e passam a viver, também, de historias que se tornam suas.
Maria Valéria Rezende escreveu O voo da guara vermelha. Do desejo de Rosálio, ajudante de pedreiro analfabeto e viajante, de aprender a ler os livros que carrega em uma mala. Herança que não consegue decifrar. Quem lhe ensina é Irene, que lê pouco e nunca foi íntima dos livros, mas tem o conhecimento que ele precisa. Entender o significado dos símbolos que aos poucos vão perdendo seu mistério para revelar outros.
Hanna em O leitor, também tem admiração pelos livros, quer que Michael os leia todo o tempo. E deixa-se ser presa para não revelar seu vergonhoso segredo. A história de Hanna é, literalmente, de cinema. Daquelas que se chora muito ao assistir. Por anos ela está presa do mundo, mas livre para o outro, para aprender a ler na voz de Michel, gravada e enviada por correio.
Vovó Marcília teve contato com as letras nos primeiros anos, aprendeu a ler e a escrever. Mas depois precisou viver: Trabalhou, cuidou de cinco filhos... E iniciou nas leituras na melhor idade com histórias da neta publicadas em um singelo livro. Segui-se os jornais que encontrava no consultório ou guardados para iniciar o fogo à lenha. A neta não conseguiu escrever no ritmo dela, e lhe comprou mais livros. Vovó Marcília os lê e os pede. Cada vez mais leitora em seus 90 anos vividos e sofridos cuja história daria ao menos uma trilogia.
Contudo, vovó Marcília não vive nas historias. E por isso escrevo, por dois orgulhos; vovó Marcília (que já foi Pires de Lima e agora é Nieckarz) é real e, também, é minha vovó.
Ela é da terra: gosta de galinhas de angola, de legumes na horta, abobora assada e pinhão na chapa. Sempre tem chimarrão quente, no seu fogão à lenha. É certo que a visão das vovós incríveis nos dias de hoje está mais próxima a do Ziraldo (Vovó Delícia) vovó moderna e independente. Pois julgo essa vovó muito mais incrível; enfrenta as adversidades da vida com resignação, saboreia a terra que a cerca, aceita a dependência das duas filhas que moram com ela, nas pequenas coisas que a sua idade exige. E aproveita o que tem de melhor em sua vida - o carinho da família, dos amigos, dos vizinhos de interior.
Agora Vovó Marcília caminha pouco, mas viaja muito, embarcada nos livros. E segue lúcida e amorosa lembrando a família, também, das dores, mas principalmente das alegrias da vida. E por alguns instantes realizo este meu pequeno desejo, que minha vó Marcília, em seus 90 anos de realidades leia estas poucas linhas sobre ela. Linhas que escrevo com todo meu amor e orgulhoso parabéns de neta: pelos seus muitos anos de vida e pelos seus poucos anos de leitora.
Parabéns minha vovó Marcília Nieckarz pelos anos vividos e pelas leituras! E seguimos te amando...


por Adri.n.s em singela homenagem também aqui

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Perspectivas para uma segunda




- Você poderia cortar os galhos da sua árvore?
O vizinho se aproxima do outro até o limite do muro alto:
- Bom dia! o que disse?
- Sua árvore. As folhas dela estão sujando meu quintal.
O vizinho olha as britas através do muro alto, sufocando um pensamento

                                                                                               "quintal?!":

- Folhas... Ah sim, as flores do ipê!
O outro pensa,

                                                         "Flores?! mas a árvore está toda amarela..."
E por fim diz:

- Certo. Passei a tarde de ontem limpando meu quintal e hoje está tudo assim de novo, você poderia cortar o galho?

                              
                                                          "Ou eu mesmo posso encostar uma escada"

- Sim. Posso, mas ainda assim o vento pode carregar algumas flores...

- E cortar a árvore?

      " Cortar meu ipê? Vou plantar um pé de manga pra cheirar no seu quintal..."
- ahhh... bem, ela logo para de florescer e essas flores são lindas, não são?! passei a manhã admirando elas... eu as deixo sobre meu gramado, veja?!

o vizinho estica o pescoço a contragosto para ver o verde-amarelo do outro:
- Sim, estou vendo...
E lhe dá as costas em um último pensamento.

                                                                                      "Vizinhos"

- Tenha um bom dia!!!
 Grita o outro antes de seguir para seu trabalho,

                                                                                       "vizinhos!"

 e vai sorrindo para as flores sob seus pés no gramado e em sua calçada antes de caminhar no cimento frio.

          " Que mal ha em ter um pouco de vida nessa cidade tão sem terra e cor?!"


O vizinho despede-se com um braço meio levantado, sem olhar pra trás, evitando olhar sua brita, mas logo caminha sobre flores na calçada, mal humorado, as pressas para chegar ao lado limpo. Vê o varredor na outra esquina, quando voltar o serviço dele já terá desaparecido.

                                              "Qual a dificuldade em se deixar a vida no campo?"

Alguns pássaros cantantes pousam sobre os galhos amarelos. A rua povoa-se com o frenesi de carros de todas as cores.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Sete anos novos


 para os setes anos do Lenini da minha vida
em mares, continentes,
virtudes,véus,
anões...
chakras e deuses da felicidade;
arcanjos ou dias da semana;
cores arco-íris, notas musicais...

em tantos setes pintando
no mundo 
o sete do meu mundo
em maravilhas
é o seu.
sete vezes
fez-se a magia
setenta vezes sete 
amo- te!


quarta-feira, 17 de outubro de 2012


Open publication - Free publishing - More jaragua

Este mês tem Temporada Teatral
Essa temporada tem Os baus do tesouro - Teatro lambe-lambe dos Piratas da Avenida Lamparina (+ eu ^^)

Recomento toda a programação!
 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Coisas de meninos e medos

    Os dois meninos brincavam enquanto anoitecia, um ruído estranho os despertou para os perigos da escuridão:
- Melhor ir pra casa…
- Por quê? Você tá com medo de fantasmas? 
- Sim… 
- Você já viu um?
- Não… mas existe sim! 
- Existe fantasma e medo de fantasma. Quando você tem medo é porque não é fantasma. Quando é fantasma de verdade você não tem medo. Minha mãe que disse!
- E daí?!
- E dai que se minha mãe disse é porque é verdade.
- Não sei não, porque a gente não tem medo de fantasma de verdade, se tem medo de fantasma de mentira?!
- Eu perguntei isso pra ela.
- E o que ela disse?
- Que a nossa imaginação é muito pior que um fantasma de verdade.
- Humm..
     E na hora do sono o segundo menino, iniciado nas artes do mistério, da sua cama, ouvia portas rangerem e janelas sendo batidas. Enfim lembrava-se do que ensinou o amigo e voltava a respirar fora das cobertas.
E, talvez, irritada por seus ruídos não serem suficiente, uma imagem translúcida apareceu. O menino tremia de medo, mas quanto mais o fantasma o apavorava mais ele o negava:
- Fantasmas não existem, não exitem..
- Menino… você não me engana, se não existo porque tem medo?!
-  Para ter certeza de que você não é um fantasma.

Por Adrins também aqui

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Porque a vida não para
Porque a vida é tão rara
Porque tu és 
Faço tua vontade
não a minha

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O difícil no simples (não) mente.



Tu abres teu coração e espera que isso não te machuques?!
completa teu ato de entrega sem o conhecimento
sem ouvir meu grito:

- não abras!

E te tornas fraco, perdes o sangue
e me condenas pela dor que abristes
pela dor que agora há em ti
(por me amar?!...)
posso cuidar de teu órgão ferido
mas não posso impedir as cicatrizes
Por que abriste teu coração?
se a mim bastava teus lábios abertos em sorrisos
para meus abraços
Agora enlaço-te com cuidado
para que não sintas dor
Como poderíamos ter corrido e rolado pela terra de nossos dedos,
pelos verdes de nossos olhos!
ao invés de abrires esta chaga...

Tirasses os seus dedos dos meus
para segurar lâminas
e abriste teus lábios para pedires a prova
o recíproco

Quantos cortes tu fizesses em nós enquanto eu dormia a teu lado?!

Tenho que me afastar de ti
para que não nos firas

Fujo com todas as lâminas
para que pares de se machucar
não as procure pelas gavetas
não alimente as sementes com tuas lágrimas,
quentes e carregadas de sal
Abre as janelas da alma e respira as flores
que ainda não morreram.

por Adrins 
...

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

amador

o ciúmes é proprietário
quer sorriso 
quer alegria
para ele
só pra ele
emanada só por causa dele
sempre só
toma a vida do amado
prender o pássaro para não fujir
ainda que ele não possa mais cantar ao seu ombro.

por Adrins
em pequeno canto

terça-feira, 10 de julho de 2012

pequenas secas pré fluviais do estado espírito

As folhas da memória
em estado plástico.
A espera da decomposição.

Os novos brotos.
A espera da formação.
pré folha?!
pré flor?!

No observar
bricadeira-adivinha
qual será sua cor.

Pelo que sejam
estão 
são
ato vivo
de (re)ciclo.

 ( pós inverno, há primavera)


 por Adrins
em naturezas

domingo, 1 de julho de 2012

Pérolas e esgrimas para a falta de sono

                            "A arte existe para que a realidade não nos destrua"
                                                                                                             Nietzsche

No calor desta noite encontrei-me como o espelho
de meus tempos; passado e futuro
entre olhares indianos
e sorrisos africanos
a diversidade na alma
o coração em calma
ha calmaria no mar
a  calmaria do vento
meu tempo-presente
contentamento.

As vezes minha mente é intensa
as vezes minha mente para
as vezes taquicardiaca
as vezes parada respira-fora

Deixe-me em minha dimensão
a te observar em teus universos
impossível verbalizar todas as conexões
neuro-cortex-místicas
Mais um dia de sol que não fizemos piquinique
porque preferimos abraçar às sombras.

Gosto de tua letra
mas se fechar a tua alma na consiguirei ler
vamos abrir as páginas de minha vida?!
Não somos os que vivemos
meu futuro sem pertences
apenas
Toque.

por Adrins
em silêncios gritantes

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O instante à estante




Por um descuido eles caíram
Ficaram
Sentaram-se esperando suas capas.
Ele percebeu os pés balançando descalços
Ela percebeu os lábios cantarolando
Eles se olharam
Sorriram
Voltaram aos seus pensamentos.
As capas demoravam...
Ela começou a prestar atenção na canção dele
a embalar os pés no seu ritmo
Os pés lembravam a ele futebol
Ela disse que nunca foi torcedora
mas teve um time, quando era goleira dos meninos na educação física
porque pediam que ela dissesse
escolheu o rubro-negro por causa do conto do Drummond
por causa do refrão “até morrer” - ela gostava de convicções.
Ele respondeu que gostava das letras por causa do futebol
queria também ler
não só ver
gostava das letras por causa das músicas
queria também ler
não só ouvir
Ela disse que gostava de ver e ouvir
tudo ao seu redor
porque quanto mais lia mais curiosidade tinha sobre o mundo
Ele gosta de muitos mundos
Ela gosta de muitos mundos
Eles trocam versos e canções
Ele canta
Ela desafina
Riem
Observam outras capas
Ele conta o que descobriu
Ela os conhece ou quer conhecer
Balançam os pés no mesmo ritmo
Ela acompanhando o voo de um mosquito
Ele tocando em botões
Avistam suas capas
Ele é de ficção
Ela da fantasia


Eu, o peso de papel do outro lado da estante,
Penso no instante em que cada um volta para seu livro
Para as histórias que foram escritos
Penso para que o escritor me ouça
Para que eles se encontrem DENTRO de um livro
Uma história escrita para eles
E que vivam em um Romance.





por Adrins em leituras
 


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Eu, Rio!



- Geralmente quem faz isso é flamenguista.
Comenta o policial-motorista. Do banco de trás, eu e  ele observamos as pessoas da rua. Não olham para o carro da polícia, não olhamos para seus rostos.
Os dois policiais falam um pouco, mas não querem saber da mão dele, cortada pela garrafa. No quartel foram mais humanos, perguntaram como foi, ofereceram água para lavar o corte. Disseram que não podiam abandonar o posto. Ouvimos os policiais combinarem de nos deixar na delegacia e sair sem esperar sermos chamados,encerrando o pacote.
Duas horas no banco da 5° DP da Lapa, uma hora sentados no quartel da esquina do arco, quinze minutos na rua procurando um policial, menos de um minuto para o malandro cortar a mão do meu companheiro e levar a câmera com todas as nossas fotos de turistas apaixonados. A injustiça é rápida, a justiça tarda e é falha.
Ele olha para a mão dolorida e lembra-se da camisa do malandro; botafogo. Eu me lembro das pedras da reforma do arco da lapa, fotografadas. Das pedras do arco jogadas no malandro, com a mão machucada, pra soltar a mochila. Os policiais devem lembrar-se de muitos turistas que dão sopa, carteira, documentos...
As pessoas da rua também devem lembrar-se dos malandros ao caminharem invisíveis, sem atrativos para a torcida seja fla ou flu.
Drummond conteou que escapou da morte porque o homem que tentava degolá-lo era fluminense e ele, do fla não corrigiu o engano. "Que me tomem, mas deixem me viver..." Pergunto à razão se uma camisa nos salvaria e imagino a garrafa no pescoço.
O homem era negro. Seus antepassados trabalharam nas pedras para erguer o arco branco. Ele dorme nas pedras do arco e os dois lados continuam a existir: ouro nos telhados do grande teatro e ruínas nos asfaltos abaixo da escadaria. Passam carros, de músicos, a preços de salários de uma vida que ignoram as faixas de greve, dos que trabalham pela cultura, por salários de menos miséria. O pão de açúcar continua para inglês ver e ler, flamenguista que trabalha não ganha para a vista do pão/ loaf. Cari-oca.
O policial Livramento, que não é da Tropa de Elite, diz que bandido é protegido. O sargento, que policial é perseguido. Eu viajo na faixa de gaza.
Um negro em uma mercedes é malandro, ou toma ou canta o que lhe é de direito pela história.Um branco no asfalto é naufrago ou pesquisador, de outras terras. Há dizes e putas por territórios. Diz puta?! Retratos de Seu Jorge, violão matador de dragões nas paredes da rua. Decalques de São Jorge rasgando dragões de algodão e celulose na feirinha do mês – compre um e/ou leve o endereço do meu blog. Imagens na fotografia efêmera, eternizadas nos arquivos da memória.
Enfim o B.O. nós PE. "O que levaram?" "A câmera." "Só?!" As fotos subiram o moro, nós quase. E o Rio de Janeiro continua...

por Adri n s em retrospectiva

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Receita para final de Romance



É preciso saber a boa hora
do ponto final
para não perder a história
deixar o além
em seu literal insólito
apagar o almejo
do uma última cena
Para a permanência do doce
na ponta da memória
em cada novo retorno em risos

por Adrins em fins

quinta-feira, 22 de março de 2012

notícias à navegar

ela em verbo ser
na conjugação do pretérito
estado insolucionável

Aquém,
ele em pós gesso

a vértice sempre está
para incorpório
para o além