Para os que gostam de ler há belas ilhas para se visitar no mundo da
ficção: histórias dos que se apaixonam pelos livros – pelo ato
de ler. Histórias em que ha simplicidade. Histórias de quem
descobre o prazer da leitura e passam a viver, também, de historias
que se tornam suas.
Maria Valéria Rezende escreveu O voo da guara vermelha. Do desejo de
Rosálio, ajudante de pedreiro analfabeto e viajante, de aprender a
ler os livros que carrega em uma mala. Herança que não consegue
decifrar. Quem lhe ensina é Irene, que lê pouco e nunca foi íntima
dos livros, mas tem o conhecimento que ele precisa. Entender o
significado dos símbolos que aos poucos vão perdendo seu mistério
para revelar outros.
Hanna em O leitor, também tem admiração pelos livros, quer que
Michael os leia todo o tempo. E deixa-se ser presa para não revelar
seu vergonhoso segredo. A história de Hanna é, literalmente, de
cinema. Daquelas que se chora muito ao assistir. Por anos ela está
presa do mundo, mas livre para o outro, para aprender a ler na voz de
Michel, gravada e enviada por correio.
Vovó Marcília
teve contato com as letras nos primeiros anos, aprendeu a ler e a
escrever. Mas depois precisou viver: Trabalhou, cuidou de cinco
filhos... E iniciou nas leituras na melhor idade com histórias da
neta publicadas em um singelo livro. Segui-se os jornais que
encontrava no consultório ou guardados para iniciar o fogo à lenha.
A neta não conseguiu escrever no ritmo dela, e lhe comprou mais
livros. Vovó Marcília os lê e os pede. Cada vez mais leitora em
seus 90 anos vividos e sofridos cuja história daria ao menos uma
trilogia.
Contudo,
vovó Marcília não vive nas historias. E por isso escrevo, por dois
orgulhos; vovó Marcília (que já foi Pires de Lima e agora é
Nieckarz) é real e, também, é minha vovó.
Ela é da terra: gosta de galinhas de angola, de legumes na horta,
abobora assada e pinhão na chapa. Sempre tem chimarrão quente, no
seu fogão à lenha. É certo que a visão das vovós incríveis nos
dias de hoje está mais próxima a do Ziraldo (Vovó Delícia) vovó
moderna e independente. Pois julgo essa vovó muito mais incrível;
enfrenta as adversidades da vida com resignação, saboreia a terra
que a cerca, aceita a dependência das duas filhas que moram com ela,
nas pequenas coisas que a sua idade exige. E aproveita o que tem de
melhor em sua vida - o carinho da família, dos amigos, dos vizinhos
de interior.
Agora Vovó Marcília caminha pouco, mas viaja muito, embarcada nos
livros. E segue lúcida e amorosa lembrando a família, também, das
dores, mas principalmente das alegrias da vida. E por alguns
instantes realizo este meu pequeno desejo, que minha vó Marcília,
em seus 90 anos de realidades leia estas poucas linhas sobre ela.
Linhas que escrevo com todo meu amor e orgulhoso parabéns de neta:
pelos seus muitos anos de vida e pelos seus poucos anos de leitora.
Parabéns minha vovó
Marcília Nieckarz pelos anos vividos e pelas leituras! E seguimos te
amando...
por Adri.n.s em singela homenagem também aqui
Um comentário:
Que exemplo a sua vó hein?
Parabéns pra ela.
Postar um comentário