quarta-feira, 25 de junho de 2008

Do que aconteceu e não se viu (ou do que está acontecendo e não se vê II).

.
Do que aconteceu dentro de ti, quando saíste.

Tu saíste e deixaste uma pequena fresta. Eu distraída, não percebi. Logo senti uma linha a mais de frio, um raio a menos de luz, e quando fui identificar a origem da mudança brusca dei com ela: seu olhar gélido, sua voz sumida e fina. Dei-lhe as costas e disse para ir embora. Não permitiria que ficasse. ela riu seco e forçadamente tentando zombar. – Me desprezaste uma vez, porque tinha uma alma a se agarrar, mas agora ninguém te ama e só tem a mim para ficar ao seu lado, não tem mais escolha.

Respondi com um sorriso quase morto, mas com determinação - Eu amo a mim, o que tenho e o que sou e isso basta para que não entres. Ela ainda insistiu ansiosa para que eu fraquejasse - E o que vale isso? Deste todos os aprendizados que colheste a aquela alma e ela desprezou tudo que és como pode se amar depois disso? Então o sorriso renasceu pela lembrança - Descobri que posso espalhá-los pelo mundo, que sempre a alguma alma para os acolher, e isso me faz feliz e me basta.
- Se nem aquela quis acolher? Ninguém os quer, só tu vês graças neles e nada te vale.
- Ainda que isso fosse verdade, se há os que acolhem você, acolhe-se tudo.

Ela ficou roxa e abaixou os olhos (como as pessoas que tem almas que andam com ela). Ficou pelos cantos e quando tu chegaste de mãos dadas com a alegria, saiu pela janela para não cruzarem-se (descobri assim que as duas nunca ficam juntas ainda que estejam sempre próximas, tu ja sabias por isso a trouxe quase arrastada para mim). Pelos teus olhos ainda a vejo rondar, a espreita de uma pequena brecha, e quando ela me encara eu sorrio, lhe dando a certeza de que por mais que entre, não lhe darei abrigo. Esta cansada e fraca e quase posso jurar que hoje pela manhã a vi juntar algumas gotas e partir.

Por Adrin, ainda de mãos dadas com a alegria

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse mata a pau, mulher!!! Excellent!!! Dé